domingo, 1 de abril de 2012

Se amar fosse fácil, não seria um mandamento.

Parece fácil: basta amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo que a vontade divina estará satisfeita e seremos felizes! Quer dizer, isso se a tarefa fosse simples assim. Quando Jesus resumiu toda lei judaica nesses dois pequenos mandamentos, não o fez por serem fáceis de memorizar ou realizar, mas sim pela razão de que eles compõem a essência de todas ações divinas. Pena que seja tão difícil colocá-los em prática.


Permita-me começar com o que parece mais simples: amar a Deus acima de tudo. Dá frio na barriga vislumbrar a imensidão de fazer uma afirmação dessas. É profundo demais para ser tratado com leviandade. Acompanhe meu raciocínio: amar a Deus é amar Sua pessoa, Sua essência, aquilo que Ele é. Ora, ninguém melhor do que Jesus de Nazaré para expressar como pensa e age esse Deus. Ao olhar a vida do Mestre, vejo uma vida íntegra, verdadeira, cheia de perdão, compaixão e misericórdia. Esse é o caráter do Pai, e amá-Lo nada mais é do que apreciar, admirar e imitar o seu filho.


Amor próprio. O outro mandamento sobre o amor parte da premissa que a pessoa se ame. Amar-se não é tão-somente valorizar-se como pessoa, mas reconhecer-se como ser criado e dotado de capacidades singulares dadas pelo próprio criador. Isso é sensacional! Somos únicos e especiais. Infelizmente, porém, muitos confundem amor próprio com soberba. A diferença básica é que o soberbo se ama, mas também se acha melhor do que o outro. É uma postura prepotente e que, com certeza, não é inspirada no exemplo de Cristo. Que ninguém se engane: só ama ao próximo quem também se ama. Como seria possível fazer pelo outro aquilo que não se faz nem por si próprio? Isso seria tão natural quanto jogar um piano pela janela e, ao invés de vê-lo despencar, ver-se-ia subindo ao céu. Loucura, não é mesmo?


No monumental tratado sobre o amor escrito pelo apóstolo Paulo aos coríntios, é possível verificar com precisão o que significa amar: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece… Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal… Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” Tranquilo, não é mesmo?!


Gosto muito do final desse trecho: “permanecem a fé, a esperança e o amor, mas o maior deles é o amor”. Por quê? Simples. Quando Jesus voltar, fé e esperança deixarão de fazer sentido, já que o veremos face a face. Entretanto, o amor é eterno. Existiu no passado, existe hoje e sempre existirá. Somos convidados a participar de um reinado de amor que durará para sempre. Por isso, o amor é maior, pois nunca acabará. Quando alguém abandona o “Caminho”, sempre me questiono: será que provou do amor de Deus? Como renunciar a algo tão forte? A coisa mais terrível desse mundo é não ser amado: é sinônimo de morte ou de proximidade dela.


E o amor ao próximo? Amar aquele vizinho barraqueiro? Amar um criminoso? Amar político corrupto? Amar o mal encarado que fechou seu carro no trânsito? Amar aquela irmã da igreja que destrói tudo a seu redor com sua língua ferina? Amar aquele pastor que dá mais medo que o lobo? Amar falsos profetas que enganam em nome de Deus? Pensando assim, amar seria masoquismo e falsidade pura, mas entendo o “amar” bíblico como aquele que faz o que estiver ao seu alcance para refletir o amor de Deus. Não tem nada a ver com sentimentalismo de novela mexicana. Não retribui com o mal, não sacaneia, não passa a perna, não se vinga, não puxa tapete e nem imputa mentiras.


 Ridículo? Absurdo? Pois bem, então temos um sério problema, pois nosso Senhor Jesus é exatamente assim. Fácil? Não! Dificílimo! Mas precisa, no mínimo, ser um caminho para o qual estamos indo na direção certa, ou ao menos, vislumbrando como local para onde Cristo aponta. Se mesmo assim, nada servir, somos apenas bons religiosos, adeptos de algumas doutrinas que concordamos e de outras que não entendemos. Para onde isso levará? Nem preciso responder. Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós, transformando corações de pedra em corações de carne. Na ótica do evangelho, amar é compulsório, e se fosse fácil…

 
William Mazza 

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